sábado, outubro 3

Carta aberta ao amor


... da vida. Porque um dia, vai chegar.
Entra sem bater na porta, a casa é sua. Senta, a gente pode conversar, não tenhamos pressa. Mas também não precisamos ir tão devagar. Toma cuidado! Algumas coisas já foram quebradas aqui dentro, ainda estou reconstruindo, é que você demorou a chegar... Se quiser, pode ajudar a consertar, afinal tudo está sendo remodelado para o nosso uso e, se usarmos as peças certas, esse quebra-cabeças não voltará a se desmanchar. 
Invade. Toma conta do espaço aqui dentro que é seu. Não tenha medo (ou então seremos dois...). Eu quero (e preciso) acreditar que alguém ainda vale a pena, que a vida vai ser ainda mais completa, há tanta coisa nos esperando...
Vem aqui, eu gosto de carinho. Abraça forte como se nunca fosse soltar (e não solte!), me beija como se nunca mais fosse beijar (mas beija!). Mexe no meu cabelo até eu dormir, acorda do meu lado... canta pra mim as músicas que serão só nossas, podemos passar horas só falando bobagens e fazendo planos. Eu quero te olhar.
Chega de mansinho, tenho as minhas manias, eu sei. Mas olha...você com certeza se acostumará facilmente com cada uma delas, ou então, quem sabe, podemos deixar de lado algumas...afinal estamos nos reconstruindo...
Há quem diga que casais e relacionamentos são feitos de metades, verdade um tanto quanto contestável. Metades se dividem, e o melhor é somar. Que tal então dois inteiros  que juntos possam transbordar? Transbordar amor, cumplicidade, respeito, parceria...
Eu sei que não é fácil conviver com o vulcão que mora aqui dentro, mas sabe, vou te dizer que pode ser que valha a pena. 
Podemos juntar as peças, virar a página, ou melhor, escrever um novo livro. O nosso livro. O livro da vida de verdade. Não é esquecer o passado, ele faz parte do que somos e, se não fosse exatamente esse passado, a gente talvez nem tivesse se encontrado. Mas acho que era pra ser, sabe? Aquela velha história de que está escrito e de que tudo conspira a favor. 
Eu não sei mas...eu acho que quando você chegar, nós nos reconheceremos. Saberei que é você e você também vai saber que sou eu. E aí a vida segue, ainda seremos eu e você, mas acima de tudo seremos nós.
Então vem. Vem se quiser, vem sem demora, vem pra somar, vem pra compartilhar, vem pra tentar o que nunca antes deu certo. Vem se tiver disposto amar, a entregar tudo de melhor que você tem. Vem pra ser o que nunca foi.
Enquanto você não chega, eu continuo aqui juntando os caquinhos, Deus queira que você não demore. Mas eu sei, amor da vida, que um dia, vai chegar...



sexta-feira, janeiro 13

Marcas do que se foi...



Há pessoas que marcam nossas vidas para sempre. Uns preferem marcar de maneira positiva, outros, negativa. E há aqueles que não decidem ou não preferem marcar de modo algum. Mas marcam.
Eu marquei e ainda marco, positiva e negativamente a vida de muita gente. E todas elas eu escolhi. Não é falsa modéstia, é a lei da vida, acontece com todo mundo.
A grande diferença para mim é a capacidade inata de ignorar completamente os que marcaram de maneira negativa e de perpetuar os de modo positivo. Perpetuar no coração, na memória, nem todos eles eu ainda quero por perto.  Já os que passaram negativamente, é realmente uma pena, para eles! Eu ignoro e passa, pra mim! Para eles não, felizmente! Eu gosto e espero realmente que jamais se esqueçam e sinceramente acredito ser difícil ou quase impossível esquecer! Gosto realmente que minha presença no mundo seja um incômodo (sim, incomodar é com i!)!
Enfim, como tudo que eu faço, falo ou escrevo normalmente não segue o percurso planejado inicialmente, o foco da minha inspiração (ou falta dela, como queira) é falar sobre a superação (ou não) dessas pessoas e das atitudes das mesmas, que nos marcam.
Tudo o que é bom, guarde com você. Mas guarde mesmo! Aplique diariamente em sua vida reconheça os feitos dos outros em sua história, lembre,relembre, importe-se! Considere-os e o principal: agradeça-os! Agradeça aos que fizeram bem e aos que fizeram mal, estes principalmente, porque são eles que vão te fazem crescer e evoluir! E nesse “fazer mal” dizem que eu ajudei a evoluir muita gente! Infelizmente, como eu já disse os que não nascem com o “dom” de ser forte, precisam aprender! Desculpem-me, mas essa é uma coisa que eu nunca precisei aprender! Pois é, a vida sempre tão injusta não é? O que alguns lutam pra aprender, outros nascem sabendo!
Vejo então que minha missão pode estar quase completa, falta esclarecer algumas coisas (sim claro, esclarecer, porque ensinar seria muita pretensão de minha parte). Enfim: Quando algo que aconteceu em sua vida foi verdadeiramente superado, ele fica definitivamente para trás. Não importa o quão doloroso ou o quão marcante foi, se foi superado, ficou no passado!  Se você gosta de demonstrar e falar aos quatro cantos o quanto está feliz agora, depois dessa ocasião, depois de tudo que te fizeram, acredite isso não está superado! Simplesmente porque quando passa, não há necessidade de falar ou querer enfiar na cabeça das pessoas o quanto você (falsamente) é feliz, muito menos usar o nome de Deus para dizer a maravilhosa alegria que você sabe que na verdade, não sente! Ao pensar que está enganando os outros, a única pessoa que está sendo enganada é você!
“Picuínhas”, indiretas e necessidade de tocar no assunto a todo tempo, não te fazem forte diante dos outros, te fazem RIDÍCULO!
Busque a sua essência e o que te faz bem de verdade. Viva e deixa viver, esqueça! Se livre, desapegue das lembranças. Se sinta realmente livre pra ser feliz. 
O seu crescimento pessoal, suas experiências de vida, suas superações (ou não), suas dores e como você passou por elas (ou não passou) dizem respeito somente a você. E quando não se consegue controlar o impulso de “esfregar na cara” de quem fez mal, sinto decepcionar, mas isso não se chama superação. E muito menos você aprendeu a ser forte, maduro ou cresceu. Isso se chama unicamente: SENTIMENTO REPRIMIDO!

It's raining.



Chuva, vento, temperatura amena, nublado, introspecção.
A verdade é que eu prefiro o calor.
Sol, céu azul, limpo, claro, enérgico.
Mas o fato é que em dias como hoje (que coincidentemente é sexta-feira 13, o que pra minha falta de superstição não faz a menor diferença), é que eu me sinto mais inspirada, reservada, fadada à expressão.
Ler, escrever, pensar, refletir. Resolver a minha vida toda em um único dia. É assim que eu me sinto em dias chuvosos.
Para quem gosta de viver como se fizesse parte de um filme americano é o cenário ideal.
A chuva cheira à rotina, e eu gosto de rotina, talvez por isso me sinta assim...   O movimento nas ruas se intensifica, gosto de observar. Nos dias de chuva não se pode, normalmente, fazer nada além do que a rotina permite. Não se observa gente nas ruas entregando panfletos, não passam carros de som nas ruas fazendo propaganda, diminuem-se as buzinas, os vendedores ambulantes. Agitado e silencioso ao mesmo tempo. Gosto. Mas não muito. Não por muito tempo.
E nesses dias a imaginação flui. E eu penso ainda mais constante e intensamente nas coisas que (in)conscientemente eu desejo. Mas não posso. Calo.
Talvez por também não gostar tanto da rotina- sim, sou a contradição em pessoa! - eu prefira o calor. Verão não cheira à rotina, cheira liberdade! Agitação, intensidade, inconstância. Particularmente não encontrei melhor modo de definição.
E através dessas linhas pouco elaboras e sem propósito, que buscam somente dizer que eu realmente gosto de dias como este, de chuva! Mas não muito, e nem por muito tempo...

quarta-feira, janeiro 4

Futilidade é bom

BBB ainda nem começou e já está gerando polêmica. Não é de hoje que é só chegar Janeiro para os pseudo intelectuais vomitarem seu repúdio pela casa mais vigiada do Brasil.
Em qualquer esquina terá alguém para destilar todo o ódio do mundo por um simples programa de tv. E o discurso é sempre o mesmo: é fútil, não acrescenta em nada, não tem cultura, e por aí vai.
Eu adoro gente inteligente, adoro conversas inteligentes, adoro tudo o que me deixa um pouco mais inteligente, porque sem modéstia, eu já sou inteligente pra caralho e um pouquinho mais é sempre bem vindo. Mas sabe o que não suporto? Gente chata, gente clichê. E quer algo mais clichê e chato do que falar mal da futilidade?
Se para tudo na vida é preciso equilibrio, para a inteligência também. Ninguém precisa passar 24 horas do dia apenas alimentando o cérebro para provar que tem um. A diversão pela diversão faz bem para a saúde mental de qualquer pessoa, e não só faz bem, como é extremamente necessária. É a água que não deixa que o motor esquente demais.
Futilidade é perda de tempo. Sim, é. E a melhor coisa do mundo é ter tempo para perder. Infeliz da pessoa que não tem tempo para ela mesma, que não tem hora do dia dedicada às suas futilidades pessoais, ao seu riso descompromissado ou ao seu choro pré-adolescente. Seja assintindo BBB, novela, lendo o último livro da saga dos vampiros que brilham, do bruxo adolescente, ou cuidando da própria aparência.
Enriqueça-se culturalmente, leia livros bons, assista bons programas na tv (porque eles ainda existem), tenha amigos diferenciados e que te acrescentem em algo, estude, aprenda algo novo, ouça boas músicas, conheça novos lugares e novos povos, aprenda uma nova lingua, mas no fim do dia curta a sua futilidade pessoal, assista um enlatado americano, ouça uma música pobre, leia um bestseller e ria de uma piada suja.
Seja inteligente, seja fútil. Seja o equilibrio que seu corpo e sua mente precisam. Seja a pessoa que consegue conversar desde com o chefe da sua empresa até com a faxineira. Seja o que você é, sem medo, sem insegurança. Não prove sua inteligência para ninguém, use-a.


*Destaco que o texto acima não é de minha autoria. Gostei e resolvi compartilhar. O texto e os autores encontram-se em http://corramary.com/futilidade-e-bom/

quinta-feira, outubro 20

O homem da camisa roxa.




Boné velho, shorts surrado, chinelo gasto. Assim caminhava o homem da camisa roxa.
Era um domingo de sol. Aquele dia em que as pessoas almoçam com os familiares, preparam os melhores pratos. Matam o tempo, a saudade, jogam conversa fora, se aproximam.
Dois jovens conversavam na calçada. Apontou na esquina o homem, o homem da camisa roxa. Talvez por estarem expostos na rua, o homem se sentiu intimidado em abordá-los. Talvez fossem jovens demais para ajudá-lo. Talvez tivesse pensado que assim como os outros, eles também não se importariam. Mas se importaram.
E o homem subiu, e bateu de portão em portão, sob o sol escaldante, pedindo... Não se sabe o que ele estava pedindo. Mas por suas aparentes condições era fácil presumir. Comida? Dinheiro?
Sabe?  as pessoas não gostam que outras lhe batam à porta. E gostam ainda menos, no domingo à tarde.
Alguns até chegaram a atendê-lo. Mas o fato é que o homem passava sempre de um portão para o outro, de mãos vazias.
As pessoas não costumam ser muito caridosas no domingo à tarde... E não se pode culpá-las. Talvez até tivessem a intenção de ajudá-lo. Talvez não pudessem... Talvez não tivessem como ajudar. E talvez, realmente não estivessem mesmo se importando.
Não se pode julgá-las, afinal, era mais um pobre, preto, quem sabe bêbado ou drogado, desses que às vezes batem em nossa porta. Mas no domingo à tarde? Francamente...
Continuou sua insistente jornada de portão em portão. Não se faz idéia do que ele estava pedindo. Só se pode deduzir. Mas aquelas pessoas sabiam, e ele, o homem da camisa roxa, também sabia qual era o seu desejo, quem sabe sua necessidade...
Ele passava, as pessoas se esqueciam e ninguém se importou. Eles sim! Os jovens. Eles se importaram. Importaram-se, também não fizeram nada.
Atravessou a rua, dobrou a esquina, e lá se foi. O homem da camisa roxa.

quarta-feira, setembro 28

Das coisas que eu sei.



Eu não sei de muito. Na verdade não sei quase nada.
Sei muito menos do que deveria saber. Mas sei também de muitas coisas mais importantes do que muitas coisas que os outros sabem, e eu não sei.
Tão confuso e complicado quanto eu.
Andei sabendo, por exemplo, sobre o tempo.
O tempo não é curto ou longo demais, é apenas o tempo...
Se não o medíssemos em horas, dias, meses e anos, talvez pudéssemos compreender que ele é único e tão somente o tempo, e ele não nos falta! Não temos somente 24h ou uma semana, nós temos... Um tempo!
Como somos ligeiramente ingratos, normalmente não notamos o quão importante ele nos é, desperdiçamos sem lhe dar real importância, e assim, a falta de tempo, como a falta de muitas outras coisas, se dá com o desperdício.
Desperdiça-se o tempo guardando mágoas, rancor, brigando, preocupando-se excessivamente com aquilo que pouco te acrescenta. Desperdiça-se o tempo magoando, deixando de amar, deixando de expressar, de sentir, sendo preconceituoso, preocupando-se mais com a infelicidade do outro do que com sua própria felicidade.
Aos adeptos do desperdício de tempo, lembrem-se, esse processo ainda pode ser reversível!
Ganhe tempo sorrindo, amando, brincando, dormindo, dando atenção às pessoas que te amam. Ganhe tempo se fazendo feliz, dedicando-se aquilo que mais gosta, e fazendo os outros felizes.
Organize seu dia, planeje, CUIDE do seu tempo.
E planejar o tempo não significa viver sempre sob regras, é somente um auxílio para que se evite o desperdício.
Sempre há tempo e sempre é tempo de se ocupar com aquilo que te realiza e tem real importância.  E o tempo é tão importante quanto passageiro.
E não o apresse! Somente ele sabe a hora certa das coisas passarem, acontecerem, dar errado ou certo.
Mas apresse a si mesmo, pois o seu tempo passa, e acaba a cada minuto. E a hora de fazer tudo acontecer, é agora!



quinta-feira, setembro 1

Só existe uma coisa melhor do que sentir... compartilhar o sentimento.

Espere de mim toda e qualquer atitude. Todas.

Pessoas, acontecimentos...não precisam ser sempre bons.
As vezes pode ser ruim...
Só não pode ser mais ou menos!
Ta aí uma coisa que me incomoda: o tal do "mais ou menos"!

Vivendo e aprendendo.


Eu estou aprendendo a ouvir mais.
Eu estou tentando me importar menos.
Eu estou aprendendo a calar mais.
Eu estou tentando ser mais atenta.
Eu estou aprendendo a confiar mais .
Estou aprendendo a confiar menos... (o critério varia quanto à pessoa)
Estou aprendendo a guardar pra mim o que é meu.
Aprendendo a compartilhar menos os meus segredos.
Eu estou aprendendo a manter a minha privacidade.
Venho dando todo o tempo do mundo para mim...
Estou procurando dar valor ao que realmente merece.
E aprendendo que as pessoas não precisam de opinião em tempo integral sobre o que se deve ou não fazer,
qual conduta seguir (embora às vezes merecessem.). 
Calo.
Não por medo de ferir ( cada qual que se contente com suas verdades, doa a quem doer),
simplesmente porque algumas pessoas (assim como eu) têm suas verdades absolutas, portanto,
forçariam uma compreensão inexistente ao que digo, o que não levaria a lugar algum.
Não, nem tento! 
Perda de tempo.
Praticando a reflexão, o desapego. Cada vez mais ando com minhas próprias pernas.
Mudança, amor-próprio, egocentrismo. Ouvir mais, falar menos. Dose...canalização!

terça-feira, junho 7

Superego



E ultimamente venho pensando e me perguntando com certa freqüência: Quando foi que eu me transformei nessa pessoa fria e egoísta? Essa orgulhosa que não consegue mais admitir seus erros e ainda menos se desculpar.
Autoritarismo, senhora absoluta, a dona da verdade.
Aqui dentro, nos meus sentimentos e pensamentos continuo exatamente a mesma, mas minhas atitudes são um poço de contradição.
Deus, de onde surgiu tudo isso?
Eu e meu milhão de máscaras...
Aquela história de alma exterior conhece? Ela é quem alimenta a minha alma interior.
Talvez o que eu precise é que alguém me olhe e ainda veja em mim uma pessoa boa. Mais do que isso, que me digam “você é uma pessoa boa!”
Mas se nem meu próprio espelho é capaz de refletir isso, tampouco as pessoas reconheceriam em mim, o que eu mesma já não sou capaz de identificar.
Alguns classificam como crise de identidade... mas esse meu período está um tanto quanto extenso, cansativo já! Muito cansativo!
E assim eu me arrasto, cada dia com um novo pensamento, cada dia com um novo projeto de ação, mas sempre com o mesmo objetivo. E qual é mesmo o meu objetivo?
Acho que ficou perdido em algum lugar por aqui... Um dia quem sabe, eu hei de (re) encontrar!

domingo, maio 15

Desencanto.



Eu faço versos como quem chora
De desalento , de desencanto
Fecha meu livro se por agora
Não tens motivo algum de pranto

Meu verso é sangue , volúpia ardente
Tristeza esparsa , remorso vão
Dói-me nas veias amargo e quente
Cai gota à gota do coração.

E nesses versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre
Deixando um acre sabor na boca

Eu faço versos como quem morre.
                           Manuel Bandeira.


quarta-feira, maio 4

Quanta diferença...

Não sei por que as mulheres teimam em comparar os homens aos cachorros.
As diferenças são evidentes!
Cachorros são fiéis, leais, companheiros, sensíveis. Olham para você de maneira acolhedora quando você não está bem, te protegem quando pressentem perigo.
Fazem gracinha pra te ver sorrir, entendem quando você não está em seus melhores dias e ficam deitados quietinhos fazendo companhia.   Estão sempre prontos para te acompanhar em passeios ou tarefas, por mais simples que sejam, e não reclamam do tempo que você leva para se arrumar.
Também não reparam se você engordou, não reclamam se você chora ao ver um filme quando está na TPM. São a maior representação de afeto! Carinhosos e amorosos.
Quanto aos homens... bem, os homens... ...
Tamanha discriminação! E os cachorros saem perdendo...

terça-feira, abril 5

O vôo

Olhou para baixo e pulou. Sem pensar, sem analisar ou se importar com quem estava lá embaixo. Uma pequena multidão havia se formado nos últimos 15 minutos que ela passara sentada na beira do prédio, que portava 22 andares.
Não havia prestado atenção nas pessoas atônitas, aliás, nem sequer havia visto as pessoas!  Não sentou pra chamar atenção, para que houvesse clamor pela sua desistência... muito menos parou para pensar na vida, esta já não a importava mais.
Na verdade talvez nem ela soubesse o porquê sentou, afinal, estava decidida!
Não havia desespero e nem qualquer situação que quisesse repensar ou reviver. Na verdade parou para se dar a oportunidade de pela ultima vez, pensar...
Essa ultima reflexão veio somente para reforçar seus desejos, como alguém que quer e procura pelo fim há muito tempo.
Então pulou.
Pela primeira vez na vida obteve a sensação de liberdade.
E não se arrependeu. Fechou os olhos, abriu os braços. Ouvia gritos.
Sorriu. Lhe era agradável a sensação do vento cada vez mais forte nos cabelos, no rosto, no corpo inteiro...
Sensações intensas, breves, porém intensas...
E teve naqueles poucos segundos a mais absoluta certeza de que era exatamente aquilo o que procurava. Mesmo sendo por breves momentos, mesmo sendo os últimos...
Havia alcançado a intensidade de atitude e emoções que procurara a vida inteira.
Dizem que nesse momento passa um filme como uma espécie de replay em nossa mente. Com ela não. Até porque não considerava ter “vivido”, o seu primeiro momento de existência estava acontecendo agora! E com hora certa pra terminar. Então não haveria uma outra oportunidade pra pensar na VIDA.
Pensou como seria quando chegasse lá embaixo. Qual seriam as reações dos observadores, e, sobretudo, como seria depois...
Pensamentos, emoções, sensações... Tantos experimentos em tão pouco tempo. Adorou a experiência de voar...
Abriu os olhos, estava chegando.
Fechou-os novamente e respirou fundo.
E então, não voltou a abrir os olhos, nem respiraria novamente.

terça-feira, março 22

;D

Cada um tem de mim exatamente o que cativou, e cada um é responsável pelo que cativou, não suporto falsidade e mentira, a verdade pode machucar, mas é sempre mais digna. Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida e viver com paixão. Perder com classe e vencer com ousadia, pois o triunfo pertence a quem mais se atreve e a vida é muito para ser insignificante. Eu faço e abuso da felicidade e não desisto dos meus sonhos. O mundo está nas mãos daqueles que tem coragem de sonhar e correr o risco de viver seus sonhos. 
Charles Chaplin

quinta-feira, março 17

Pretérito-mais-que-perfeito.


Eu preferia o tempo em que a gente ria, passava noites em claro conversando e falando as nossas bobagens. Gravando vídeos que imaginávamos postar no youtube pra fazer sucesso, mesmo sabendo que só a gente assistiria. Quando as nossas ingênuas preocupações eram o maior problema do mundo. A prova do dia seguinte nos tirava o sono e ver o garoto dos sonhos nos fazia feliz durante o dia inteiro.
Eu gostava do tempo em que nossas paixões eram inocentes, do friozinho na barriga pelo primeiro beijo, de quando o passa-tempo preferido era escolher filmes ou conversar por horas e horas ouvindo música. Quando as ambições eram só sonhos, quando os planos eram de mentirinha, quando não havia uma real preocupação na vida.
Mas eu gostava mesmo é de subir no pé de manga, de brincar na chuva, de rasgar o queixo apostando corrida de bicicleta e ouvir broncas por chegar em casa suja e ser pior do que os moleques da rua.
Sinto falta de quando a nossa amizade era proibida e cada degrau que subíamos era uma conquista imensa.
Eu preferia passar as tardes tomando chá de erva-cidreira, comendo bolacha de água e sal, fazendo trancinhas no cabelo, cantando mais alto que a musica e na frente do cantor pra mostrar que sabia a letra.
Aquela época em que falar palavrão era pecado, que o recreio da escola era o horário mais esperado pra poder “pular elástico”, e depois da aula chegar em casa rapidinho pra brincar de cinderela.
Saudade do tempo em que competíamos para ver quem ia ter a maior nota, e ser a primeira da classe era o que mais importava no mundo.
 E de repente a gente cai de pára-quedas na faculdade, descobre que cresceu e precisa buscar ser alguém na vida.
Eu sinto falta das festas juninas da Igreja, de todos os meus velhos amigos, do grupo de dança da escola, das apresentações que eram a nossa maior emoção. Tenho saudade de todas as minhas descobertas e inicio de namoro precoce.
Devia ter acreditado quando me diziam que a infância e adolescência eram as melhores fases da vida. Com a mais absoluta certeza, hoje eu valorizaria mais isso.
Acredito sempre que o momento mais importante é agora, o presente, mas
eu amo tudo o que fez parte do meu passado, tudo o que me fez ser quem sou agora. Não que eu seja alguma coisa, mas verdadeiramente foram experiências valiosas.
E mesmo sendo ainda tão jovem, eu já sinto falta do muito que eu já vivi em tão pouco tempo.  
Pois é........nostalgia!

domingo, março 6

...

Houve um tempo em que eu senti muito ódio, rancor e queria vingança a todo custo.
Hoje, sua presença não me incomoda, sua voz não me abala, ver você não me estremece.
Não sinto amor, não sinto ódio, não sinto dor.
Não tenho pena e foge ao meu interesse.
Não quero saber.
Não sinto muito. Eu não sinto...

quinta-feira, fevereiro 24


Pessoa discreta, recatada, de poucas palavras. Sem imposição, opinião ou influência sobre a vida de terceiros.
Silenciosa, fala só o necessário ou menos que isso. Elegante, normalmente passa sem ser notada ou chama atenção pela discrição. Introvertida, de poucos amigos, encanta pelo jeito doce e delicado. Fala suavemente e nunca altera o tom de voz.
Confesso que admiro e gostaria de ter algumas dessas características, mas definitivamente nenhuma delas faz parte da personalidade de uma pessoa influente, as vezes até mesmo manipuladora, que sempre deixa claro suas opiniões, mesmo que nem sempre esta seja requisitada. Fala de tudo o tempo todo, inquieta, hiperativa, impulsiva, intensa em completamente tudo que faz. Que gosta sim de viver situações de conflitos e sempre quer estar no controle de tudo, e se possível ser o centro das atenções. Não gosta de passar despercebida e que deseja todas as luzes voltadas para si.
Acho que a maioria das pessoas prefere conviver e se envolver com a primeira suposta pessoa, que absolutamente não sou eu!
Mas sabe que eu gosto de ser assim. Sei que assusto a muitos, mas isso definitivamente não me importa. Já disseram antes de mim “ eu não vim pra me explicar, eu vim pra incomodar”. É exatamente esse o caminho, porque eu gosto das coisas certas, mas não suporto conformismo. Eu crio tumultos, participo de conflitos, porque acho que devemos viver sempre em busca de mudança em  rumo ao que acreditamos. Houve um tempo eu que não sabia muito bem lidar com a tal da critica, mas com certeza hoje ela faz parte de mim e passei até mesmo a gostar dela. Muito melhor uma critica bem construída a uma boca calada sem opinião, ou que balance a cabeça para tudo o que dizem por medo de expressão, ou má interpretação.
Certamente muitos me odiariam só pela descrição, aquela velha historia do pré conceito...
Pois é, mesmo parecendo às vezes petulante ou impertinente eu gosto muito de ser assim. Que me perdoem os fracos, mas não estou aqui a passeio, muito menos pra aceitar todas as situações prontas e acabas sem qualquer reação. Mas preciso confessar que tenho dificuldade para conviver com pessoas de personalidade similar, vai ver a disputa e o costumeiro ciúme me incomodam.
Uma vez participando de uma gincana, uma amiga ao tentar me definir em uma única palavra disparou “autêntica”. Gostei muito e até concordo, mas se eu pudesse me auto definir eu diria... Intensidade, essa é a palavra!

domingo, fevereiro 13

Não vim de Marte.


É chegada a hora! Chega! Preciso confessar.
Eu me sinto diferente, nada me serve, eu não caibo aqui! Desde criança sempre foi assim.
Houve um tempo em que eu pensei que não existia, mas aos poucos as coisas se tornam mais nítidas e as percebo com maior clareza.
É fantástico, fecho os olhos e sinto as estrelas cada vez mais perto. São reluzentes, formadas por pequenos pedacinhos cintilantes. Brilham, ofuscam, encantam. Posso alcançá-las e cabem na palma da minha mão. São frias alegres e tagarelas.
Noite dessas conversando com uma foi que comecei a me descobrir. É sério, não sou humana! Eu sabia que não podia ser tão diferente assim...Eu sei você não acredita, mas não, eu não estou enlouquecendo, eu agora tenho plena consciência de onde vim e para onde vou. Sou capaz de apostar que você  me inveja por isso.
Elas riam de mim e para mim e passamos noites incontáveis conversando.
Sabe, cheguei a me lembrar esses dias dos famosos anéis, realmente são fascinantes.
E a maneira como cheguei até aqui? Espetacular , você não acreditaria!
Mas isso também não vou contar. Os meus mistérios, os meus segredos, prefiro guardar para mim. Para mim e para as estrelas, é claro.
Estou completamente atônita e gosto de mim. Sei que quando quiser retornar, todos lá estarão à minha espera.
Estou feliz, me sinto viva e sei que existo!
Sorrio. Sei. Sinto. Faz sentido. É... Você já pode saber: eu sou de outro mundo, eu vim de saturno.

Quem se define...

    
Eu gosto das coisas certas, sem reservas, tudo no lugar...
A simplicidade me encanta, sinceridade me ganha, o que é bom demais espanta, e cansa!
Inconstância me define, perfeição? deprime. Sim, alimento ódio e rancor.
Não que eu seja ruim, mas o sentimento de vingança não me deixa ser tão boa assim.
De nada esqueço e por mais que virasse do avesso, nada disso sairia de mim.
É cinza, chato, sem cor. Não acho bonito e não me orgulho disso. Mas tudo bem eu sei que irá passar, afinal, até uva passa...

sexta-feira, fevereiro 11

As Marias do Rio.


Maria, era apenas mais uma Maria. Brasileira, trabalhadora, aproximadamente 42 anos, pele parda, casada com 3 filhos em idades entre 12 e 21 anos. Mais uma sonhadora que levantava todos os dias as 6h para trabalhar e lutar para garantir o sustento dos filhos. Nada de anormal, era dotada de características que a maioria do povo brasileiro se identifica. Nascida em Campinas, interior de São Paulo, saiu de casa aos 15 anos com a promessa de conquistar mais do que dignidade e salário mínimo. Órfã de pai, deixou pra trás a única razão que a faria voltar um dia ao lugar onde teve uma infância tão difícil, a mãe Terezinha. Foi buscar novos ares em Teresópolis-RJ. Dedicada e sensitiva era fascinada por cheiros, especialmente o de flores, mas nenhum a encantava mais do que o cheiro da chuva. A sensação da terra molhada,ouvir os pingos delicados invadirem o solo sem pedir licença, com tanta ternura. Não havia dúvidas de que aquele era o melhor cheiro, o de chuva!
 Aos 18 casou-se com Augusto, com quem teve Pedro, Julia e João. Agora uma mulher casada e com filhos tinha novos rumos na vida e abandonou todos os sonhos individuais de quando mais jovem. 
Esforçava-se diariamente para manter a família unida e em harmonia e considerava-se de muita sorte por gozar de tamanha felicidade perante a família e os filhos. Sentia que mesmo tendo ainda 42 anos, poderia deixar a vida naquele mesmo instante, pois estava completamente realizada. Às vezes ainda perdia-se em sonhos e pensamentos, que desapareciam com a chegada do sorriso do marido ao abrir a porta depois de mais um dia de trabalho. Eram unidos, se amavam, e tinham uma família feliz,
O dinheiro ganho por Augusto certo dia em uma aposta, rendeu à família um pequeno negócio, uma padaria, que proporcionava sustento e trabalho a todos os membros.
Pedro passou no vestibular para uma universidade pública, realizando e orgulhando ainda mais os pais.
Como de costume se reuniram naquele réveillon, agradecendo por tudo o que houve de bom e fazendo promessas de melhoras e vida nova para o ano seguinte.

Teresópolis, janeiro 2011.
Era uma segunda feira comum, dia de trabalho e claro, rotina. Maria decidiu que iria mais tarde à padaria, tendo tempo para resolver assuntos domésticos. E de repente foi tomada por aquele cheiro, inebriante, aquele que tanto apreciava.E se perdera em pensamentos contando a quanto tempo não parava para prestar atenção...no cheiro de chuva!
Caía fina, suave com autoridade e uma delicadeza que só mesmo a natureza possuía. Na saída para a faculdade, Pedro parou na porta e olhou a mãe tão distante, sorrindo sozinha, olhando a chuva. O gesto o fez sorrir, e então fechou a porta, o barulho despertou Maria do transe que nem percebera ter entrado.
Passaram-se aproximadamente três horas até que Maria terminasse os afazeres e percebesse que não conseguiria sair de casa com o volume de chuva aumentando a cada minuto. Nuvens escuras e espessas, não notara tamanha a fúria que  a natureza havia tomado nas ultimas horas.
Relâmpagos, trovões, falta de energia, água muita água... não lembrava em nada a chuva fina que lhe trazia tanta tranqüilidade.
Um grito alto, angustiante de socorro, e Maria saiu à janela ver do que se tratava, no mesmo instante a água invadiu sua casa, levando móveis, lembranças, conquistas... o lar, o seu lar onde foi tão feliz com sua família. Pessoas eram arrastadas e agarravam-se em qualquer objeto que pudesse servir de ajuda. O desespero tomou seus pensamentos e se viu sem saída, sem ajuda e sem ter pra onde ir. E não havia aonde ir! Teve tempo de olhar para trás e ver um barranco despencando. Fechou o olho com lágrimas escorrendo e lembrou do sorriso de cada filho, do rosto terno do marido. E acabou. Não havia mais lar, não havia mais casa. Não sentiria o cheiro da chuva novamente, não se despediria nem veria novamente cada um dos seus filhos, nunca mais retornaria à casa da mãe.
Sem sonhos, sem planos, sem vida.
O número de mortos aumentava a cada dia, alguém comentou que o noticiário alertava para mais de oitocentos. Mais de oitocentas Marias soterradas. E o país estava atônito com tamanha desgraçada! Mas ninguém sentiu a dor e o desespero pela vida daquele povo. A fome, a calamidade, o caos. E em pouco tempo para o resto do país tudo aquilo seria esquecido, exceto pela retrospectiva no final do ano.
Ninguém conhecia aquelas histórias, ninguém sabia de Maria...
Só restou lama e água, muita água. Água da chuva que Maria tanto apreciava. A chuva que desperta a mente, a chuva que sacia a sede, a chuva que mata gente!

quarta-feira, fevereiro 9


Amigos homens não falam mal do teu cabelo, não nas tuas costas. Não invejam tuas roupas, não ficam te criticando por estar gorda demais ou magra demais. Não fica te pressionando pra agarrar aquele carinha na balada, te protege quando um estranho chega perto e fica de graçinha, não se irritam em ficar horas no telefone contigo quando teu namorado te trai ou te machuca. E o mais lindo e importante, te abraça sem medo do que os amigos vão pensar, te protege como um irmão, porque é isso que eles se tornam com o tempo, irmãos.
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